quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mudar

Eu havia mudado. Me olhava no espelho e já não reconhecia mais aquele rosto. Os sorrisos se tornaram algo amarelo e sem vida, e as marcas de expressões haviam se tornado rugas, mostrando o quanto o tempo havia passado. -Para onde havia ido os sonhos? Ao que eles haviam dado espaço? Para onde foi esse menino confiante e alegre que nada temia além dos monstros criados em sua imaginação?- O brilho em meus olhos haviam se apagado, agora era um olhar vago e sem direção. Eu precisava me reencontrar, eu necessitava de alguma Luz para voltar a ser como era antes. Eu te busquei, fui a todos os lugares que pensei que te encontraria, mas Você não estava lá. -Será que foi o tempo o autor de todas essas mudanças? Ou deixar de viver para apenas existir é que causou tudo isso?- Eu não tinha as respostas para essas perguntas, e muito menos sabia se era importante tê-las, eu apenas convivia com um conflito de pensamentos e ideias sem saber o que fazer com ele. Eu resolvi me afastar, me desligar de tudo aquilo que parecia sem sentido. Me sobraram poucas coisas a fazer, mas foram as únicas que encontrei que valeram a pena em persistir. Foram as coisas que me completaram, que aos poucos me fizeram ver que o que eu procurava estava aqui. Sempre esteve e que só esqueci de olhar pro lugar certo. Dentro de mim.

Trecho d'O Diário.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Encontros e Reencontros.

É engraçado saber que já nos encontramos antes, que estivemos lado a lado e não sabíamos da existência um do outro, que por alguns instantes nossos objetivos foram os mesmos e a vontade de ir além era uma só. Dividimos nossos sentimentos e compartilhamos da frustração de uma queda. Estivemos juntos, mas estávamos distantes. A vida se seguiu e aqueles dias pareciam ter sido iguais aos outros, nada havia mudado e nada parecia mudar. Mal sabia que as ironias do Acaso nos colocariam lado a lado, que iria nos fazer personagens de uma mesma história de novo.
O ano havia começado e a vida parecia seguir seu rumo normalmente. Escola, trabalho, o mesmo ritmo nos finais de semana. Tudo parecia o mesmo, até que um dia nos encontramos. A sensação de que não era o primeiro olhar a cruzar era para ambos, mas a falta de uma oportunidade nos deixava distantes novamente. Não podia se repetir a cena, não seria bom esperar um novo reencontro, teria que ser agora, precisava ser agora. Passamos pelas nossas tribulações, vencemos as tempestades e chegamos ao nosso momento de calmaria, nos tornamos um só ao ponto de vista dos outros e o melhor de tudo, sabemos que formamos um só aos nossos olhos

Trecho d'O Diário.

sábado, 10 de julho de 2010

Conto baseado em sonho.

E pra aquela menina já não havia mais sentido nas palavras.
Como ausência significaria a falta que alguém faz, se essa pessoa mesmo longe ainda estava no coração dela?
Ou o que seria estar perto, se mesmo ao lado dela, ele permanecia tão longe?
Ou quem sabe o que sentia pela vida, se as mesmas palavras já não mais explicavam isso?
Aquela pequena menina hoje em dia tornava-se uma grande menina, deixava de lado as pedras que riscava a rua pra pegar nas canetas que tingiam os papéis.
Os números que antes enfeitavam suas amarelinhas hoje estavam em sua carteira.
Os algodões que antes ela só conhecia como algo doce hoje era usado pra tirar suas maquiagens.
A vontade de ir morar fora de casa ficava cada vez mais perto, já não havia razão pra estar numa casa onde não tivesse nada a ver com a família, com exceção de sua mãe, que mesmo depois de velha ainda lhe passava a imagem de bondade, de amor, de carinho.
As coisas que lhe eram ditas já não tinha mais importância, as frases se tornaram apenas um amontoado de letras que se embaralhavam sem razão.
Como poderiam amar um ao outro se sempre estavam brigando, ou como poderiam brigar pra depois sorrir?
Como alguém poderia chorar rindo, ou poderia chorar de alegria?
Porque só se fazia poesia quando tristeza batia a porta?
Qual é o sentido das coisas?
Porque choramos?
Porque rimos?
Aquela menina tinha vontade de descobrir o sentido das coisas, descobrir a verdade por trás de tudo, ela sempre quis saber demais e nunca se preocupou em viver essa vida.
Ela passava dias e dias na cama pensando em tudo que sonhava em fazer, ela passava noites e noites fazendo tudo o que sonhava.
Onde era realidade?
Onde era sonho?
Não sei, mas gostaria de saber, aquela menina vivia um sonho, aquela menina sonhava uma vida.

Inspirações para esse texto: Sonho de uma flauta d'O Teatro Mágico e uma menina de grande presença em minha vida, que me mostrou e ensinou qual caminho seguir.